8/08/2012

Quilombo do Domingos Ferreira. Tavares-PB

ORIGEM DO DOMINGOS FERREIRA



Por volta do século XVIII, chegaram nesta localidade os primeiros habitantes, guiados pelo Senhor Domingos que sua vez,demarcou os limites territoriais do Sítio e se fez senhor proprietário das terras que este compõe.Com a sua habilidade de ferreiro,constituiu um elo enorme de amizade,tornando-se bastante conhecido por toda a região do Sítio Campinas, hoje cidade de Tavares.
Depois veio do Rio Grande do Norte, o cidadão chamado José Vieira da Costa, que se apossando de uma faixa de terra, ajudou a formar a Comunidade. Por último chegou aqui, o Senhor Marco Vieira chefe de uma família numerosa,que muito contribuiu no povoamento da Comunidade,e,aumentou satisfatoriamente a sua descendência,através das gerações da sua família, ele foi Senhor de Engenho e também proprietário de Casa de Farinha.Ao chegar à Comunidade, deu nome ao Sítio,homenageando o primeiro habitante DOMINGOS que por ser ferreiro de profissão, logo Marco Vieira introduziu ao nome Domingos,o sobrenome passando do profissional para o feminino,formando assim DOMINGOS FERREIRA, nome este,que agraciado por todos os moradores e bem aceito devido ao gesto da homenagem prestada.
As tradições culturais existentes destacam as festas juninas, festa do padroeiro São Domingos de Gusmão, o novenário Mariano, que reúne muitos fiéis durante as novenas do mês de maio e festas profanas animadas por muito forró dê serra, coco de roda, a dança do nego nagô, ciranda e muita cachaça, como destaque para a tradição dos Bacamarteiros, bonito incremento dos cidadãos trajados a rigor em uniforme igual, reverenciando o São João, com salvas de tiros em horários distintos durante à véspera  e o dia 24 de Junior(Dia de São João) delas mantidas pelos costumes dos católicos em ali existentes, em agradecimento pelas colheitas anuais dos plantios de:Feijão  Macaça, Feijão Carioca, Milho, Arroz, Andu Algodão, Cana de Açúcar, Mandioca e pequenos criatórios de animais domésticos. De se produzia em maior escala a cana -de açúcar , suficiente para mover Engenhos puxados a Bois e a mandioca que movia Casas de Farinha do sistema rudimentar, hoje com pequena mudança do artesanal para o implemento mecânico.
Tudo a época era natural e manual, a exemplo, podemos destacar a utilização do artesanato como necessidade básica para a luta d dia á dia da comunidade, que sempre produziu Potes, Panelas, Jarras, Cuartinhas, Cuscuzeiras e demais utensílio de cozinha e até, brinquedos de pura argila, tradição que se mantém até hoje, pois, vem passando de geração em geração de pai para filho, herança do ensinamento de Dona ANTONIA VIEIRA DA CONCEIÇÃO, conhecida como LOUCEIRA, que ao longo de vários anos de fabricação e comercialização, utilizando a ajuda da família para confecção das peças, fez dos seus descendentes, verdadeiros mestres na arte artesanal do barro. Com o passar do tempo, essa região por conseqüência natural estiagens prolongadas, ficou cada vez mais seca e improdutiva, expulsando da terra os chefes de famílias, que em busca do sustento deixavam suas moradias e migravam a procura de serviço (mão de obra ) nos grandes centros e principalmente nas zonas canavieiras do sul de  Pernambuco e de Alagoas,passando por sérias dificuldades e descriminação de ordem social, ganhando diferenciados diárias insuficientes para o próprio sustento e sempre devendo aos Patrões Usineiros, por conseqüência, passaram à migrar para o Sudeste do Pais São Paulo ), vivendo basicamente as mesmas condições e quando conseguiam retonar a esta Comunidade, onde havia ficado parte da família, o contentamento era pouco, pois muitos entes  queridos, já estavam com domicílio em cemitérios clandestinos, vítimas da fome feroz.
A     discriminação e o flagelo  era  de tal     maneira , que os governantes, passaram a enviar  frentes de trabalhos chamadas de EMERGÊNCIA, ministrada pelo   DENOCS, SUDENE e até  pelo EXÉRCITO BRASILEIRO, onde se alistava o chefe de cada família,                 muitas vezes a esposa ou companheira que na época se encontrava com o marido ausente, as chamadas de viúvas de maridos vivos, para trabalhar braçalmente na construção  de pequenos Açudes, Barragens, Aberturas e Consertos de Estradas de ligações comerciais, tais fenômenos  contribuíram  para o   crescimento do  êxodo rural e evasão escolar.                                                        A falta  de oportunidades e fatores como a seca, empreenderam na mente desse povo a revolta, o desinteresse pelo saber e a formação do conceito próprio de descriminação de tal forma que até hoje são preconceituosos mesmo entre si, apesar dos preceitos religiosos respeitados. Como toda a região deste alto sertão ou micro-região do Teixeira, a COMUNIDADE  DOMINGOS  FERREIRA, era extremamente  católica, teve como primeira evangelizadora a senhora MRIA  DA  LUZ, que deu sua contribuição como catequista ensinando a doutrina religiosa.Desde essa época, inúmeras práticas  comuns  para o sertanejo desprovido de outros  atendimentos sofisticados como por  exemplo na área de saúde, senhoras como dona MARIA  DA  LUZ entre outras, passavam os ensinamentos para a realização caseira de partos e tratamento  de enfermidades,através das plantas medicinais do campo e BENZEDEIRAS, a cura através da fé, por meio único e exclusivo da reza. Esse costume que atravessa gerações, conta hoje com praticantes como: BENEDITA LAURINDO, MARGARIDA VIEIRA, ANA  NICÁCIO, ANA  DE  ZÉ  DO  MATO,  ELIODORA  ANTONIO  VANDERLEI, merecendo destaque para o Sr. EPÍDIO  BEMBEM  grande curador. Como PARTEIRAS, ROSANINHA, ANTONIA VIEIRA, FRANCISCA  conhecida por CHICA, ambas  atendendo de casa em casa, andando à pé e sem nenhuma renumeração pelos serviços prestados, dedicação de verdadeiras voluntárias, enfrentando pelos caminhos, ataques de cães, chuvas escuridão, sol  e   poeira todo tipo de fadiga, percorrendo as Comunidades adjacentes  como Pau D ‘arco, Minadouro ,   Chapada,   Mixila,  Serrinha, Macambira, Laje de Onça, Riacho do Meio e outros mais distantes.
Os primeiros professores foram: MARIA DO ROSÁRIO, MARIA PÉRTUA, NEIDE PESSOA, PEDRO PERREIRA conhecido por seu PEREIRINHA, NECO  LIMA,MARIA  DA  LUZ  e  DONA  CILENE, ambos professores leigos com conhecimento apenas do fundamental. As escolas funcionavam em algumas residências, não carteiras, materiais didáticos nem quadro negro, os lápis eram de madeira bruta feitos em cãs. Os primeiros alunos há atingir um grau de formatura foram: ANTONIO NICÁCIO, ARNALDO e JOÃO LAURINDO.
Apesar do incentivo escolar por parte dos governantes, a juventude sofre pela discriminação racial (cor), oportunidades para o trabalho     e     ou, condições de convivência com os efeitos da seca. A Comunidade por si só, não dispõe de mecanismos capazes para a geração de renda (utilização da mão de obra) local e políticas próprias suficientes para o desenvolvimento desta coletividade, que clama por melhores dias depositando em DEUS, primeiramente e nos governantes a fé que os mantêm vivos!

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