ORIGEM DO DOMINGOS FERREIRA
Por volta do século XVIII, chegaram nesta localidade os primeiros
habitantes, guiados pelo Senhor Domingos que sua vez,demarcou os limites
territoriais do Sítio e se fez senhor proprietário das terras que este
compõe.Com a sua habilidade de ferreiro,constituiu um elo enorme de
amizade,tornando-se bastante conhecido por toda a região do Sítio
Campinas, hoje cidade de Tavares.
Depois veio do Rio Grande do Norte, o cidadão chamado José Vieira da
Costa, que se apossando de uma faixa de terra, ajudou a formar a
Comunidade. Por último chegou aqui, o Senhor Marco Vieira chefe de uma
família numerosa,que muito contribuiu no povoamento da
Comunidade,e,aumentou satisfatoriamente a sua descendência,através das
gerações da sua família, ele foi Senhor de Engenho e também proprietário
de Casa de Farinha.Ao chegar à Comunidade, deu nome ao
Sítio,homenageando o primeiro habitante DOMINGOS que por ser ferreiro de
profissão, logo Marco Vieira introduziu ao nome Domingos,o sobrenome
passando do profissional para o feminino,formando assim DOMINGOS
FERREIRA, nome este,que agraciado por todos os moradores e bem aceito
devido ao gesto da homenagem prestada.
As tradições culturais existentes destacam as festas juninas, festa
do padroeiro São Domingos de Gusmão, o novenário Mariano, que reúne
muitos fiéis durante as novenas do mês de maio e festas profanas
animadas por muito forró dê serra, coco de roda, a dança do nego nagô,
ciranda e muita cachaça, como destaque para a tradição dos
Bacamarteiros, bonito incremento dos cidadãos trajados a rigor em
uniforme igual, reverenciando o São João, com salvas de tiros em
horários distintos durante à véspera e o dia 24 de Junior(Dia de São
João) delas mantidas pelos costumes dos católicos em ali existentes, em
agradecimento pelas colheitas anuais dos plantios de:Feijão Macaça,
Feijão Carioca, Milho, Arroz, Andu Algodão, Cana de Açúcar, Mandioca e
pequenos criatórios de animais domésticos. De se produzia em maior
escala a cana -de açúcar , suficiente para mover Engenhos puxados a Bois
e a mandioca que movia Casas de Farinha do sistema rudimentar, hoje com
pequena mudança do artesanal para o implemento mecânico.
Tudo a época era natural e manual, a exemplo, podemos destacar a
utilização do artesanato como necessidade básica para a luta d dia á dia
da comunidade, que sempre produziu Potes, Panelas, Jarras, Cuartinhas,
Cuscuzeiras e demais utensílio de cozinha e até, brinquedos de pura
argila, tradição que se mantém até hoje, pois, vem passando de geração
em geração de pai para filho, herança do ensinamento de Dona ANTONIA
VIEIRA DA CONCEIÇÃO, conhecida como LOUCEIRA, que ao longo de vários
anos de fabricação e comercialização, utilizando a ajuda da família para
confecção das peças, fez dos seus descendentes, verdadeiros mestres na
arte artesanal do barro. Com o passar do tempo, essa região por
conseqüência natural estiagens prolongadas, ficou cada vez mais seca e
improdutiva, expulsando da terra os chefes de famílias, que em busca do
sustento deixavam suas moradias e migravam a procura de serviço (mão de
obra ) nos grandes centros e principalmente nas zonas canavieiras do sul
de Pernambuco e de Alagoas,passando por sérias dificuldades e
descriminação de ordem social, ganhando diferenciados diárias
insuficientes para o próprio sustento e sempre devendo aos Patrões
Usineiros, por conseqüência, passaram à migrar para o Sudeste do Pais
São Paulo ), vivendo basicamente as mesmas condições e quando conseguiam
retonar a esta Comunidade, onde havia ficado parte da família, o
contentamento era pouco, pois muitos entes queridos, já estavam com
domicílio em cemitérios clandestinos, vítimas da fome feroz.
A discriminação e o flagelo era de tal maneira , que os
governantes, passaram a enviar frentes de trabalhos chamadas de
EMERGÊNCIA, ministrada pelo DENOCS, SUDENE e até pelo EXÉRCITO
BRASILEIRO, onde se alistava o chefe de cada família,
muitas vezes a esposa ou companheira que na época se encontrava com o
marido ausente, as chamadas de viúvas de maridos vivos, para trabalhar
braçalmente na construção de pequenos Açudes, Barragens, Aberturas e
Consertos de Estradas de ligações comerciais, tais fenômenos
contribuíram para o crescimento do êxodo rural e evasão escolar.
A falta de
oportunidades e fatores como a seca, empreenderam na mente desse povo a
revolta, o desinteresse pelo saber e a formação do conceito próprio de
descriminação de tal forma que até hoje são preconceituosos mesmo entre
si, apesar dos preceitos religiosos respeitados. Como toda a região
deste alto sertão ou micro-região do Teixeira, a COMUNIDADE DOMINGOS
FERREIRA, era extremamente católica, teve como primeira evangelizadora a
senhora MRIA DA LUZ, que deu sua contribuição como catequista
ensinando a doutrina religiosa.Desde essa época, inúmeras práticas
comuns para o sertanejo desprovido de outros atendimentos sofisticados
como por exemplo na área de saúde, senhoras como dona MARIA DA LUZ
entre outras, passavam os ensinamentos para a realização caseira de
partos e tratamento de enfermidades,através das plantas medicinais do
campo e BENZEDEIRAS, a cura através da fé, por meio único e exclusivo da
reza. Esse costume que atravessa gerações, conta hoje com praticantes
como: BENEDITA LAURINDO, MARGARIDA VIEIRA, ANA NICÁCIO, ANA DE ZÉ
DO MATO, ELIODORA ANTONIO VANDERLEI, merecendo destaque para o Sr.
EPÍDIO BEMBEM grande curador. Como PARTEIRAS, ROSANINHA, ANTONIA
VIEIRA, FRANCISCA conhecida por CHICA, ambas atendendo de casa em
casa, andando à pé e sem nenhuma renumeração pelos serviços prestados,
dedicação de verdadeiras voluntárias, enfrentando pelos caminhos,
ataques de cães, chuvas escuridão, sol e poeira todo tipo de fadiga,
percorrendo as Comunidades adjacentes como Pau D ‘arco, Minadouro ,
Chapada, Mixila, Serrinha, Macambira, Laje de Onça, Riacho do Meio e
outros mais distantes.
Os primeiros professores foram: MARIA DO ROSÁRIO, MARIA PÉRTUA, NEIDE
PESSOA, PEDRO PERREIRA conhecido por seu PEREIRINHA, NECO LIMA,MARIA
DA LUZ e DONA CILENE, ambos professores leigos com conhecimento
apenas do fundamental. As escolas funcionavam em algumas residências,
não carteiras, materiais didáticos nem quadro negro, os lápis eram de
madeira bruta feitos em cãs. Os primeiros alunos há atingir um grau de
formatura foram: ANTONIO NICÁCIO, ARNALDO e JOÃO LAURINDO.
Apesar do incentivo escolar por parte dos governantes, a juventude
sofre pela discriminação racial (cor), oportunidades para o trabalho
e ou, condições de convivência com os efeitos da seca. A Comunidade
por si só, não dispõe de mecanismos capazes para a geração de renda
(utilização da mão de obra) local e políticas próprias suficientes para o
desenvolvimento desta coletividade, que clama por melhores dias
depositando em DEUS, primeiramente e nos governantes a fé que os mantêm
vivos!